HISTORICO DA LINHA: A
linha do Paranapanema, construída para evitar o "perigo
paulista", ou seja, a exportação de mercadorias
do Norte Velho do Paraná via E. F. Sorocabana pelo porto de
Santos, teve o primeiro trecho inaugurado em 1915, ligando Jaguariaíva,
na Itararé-Uruguai, a São José, atual Calógeras.
Seu prolongamento acabou se arrastando até 1937, quando alcançou
a já existente E. F. São Paulo-Paraná e por ela
alcançou por tráfego mútuo a cidade de Ourinhos,
em São Paulo. Depois da abertura da linha Apucaranas-Uvaranas,
em 1975, o ramal entrou em decadência por ter uma linha obsoleta
e cheia de curvas. O último trem de passageiros (Trem do Norte,
mais tarde "Trem da Miséria", rodou em junho de 1979.
Em 2001, o tráfego de cargueiros foi suspenso pela ALL e hoje
apenas esporádicos autos de linha passam pela linha, praticamente
abandonada em toda a sua extensão. |
A ESTAÇÃO: A estação de Wenceslau
Braz foi inaugurada em 1919.
Nos anos 1920, saía dali
o desvio da Serraria Maluf, que seguia para uma madeireira próxima
à estação.
Em 1944, cogitava-se
construir um ramal ligando a estação à cidade
paulista de Itararé, para encurtar o trecho no sentido
de se transportar o carvão de Wenceslau Braz para
a Sorocabana na ponta do ramal de Itararé. Era época
de guerra e de falta de carvão e lenha. Aparentemente o ramal
jamais foi construído.
"Considerada a cidade do
entroncamento das linhas que vinham e partiam para Ourinhos; diariamente,
às 22 horas, ali todos os que procediam do ramal de Barra
Bonita apanhavam o comboio noturno, que seguia direto até
Curitiba, chegando por volta de 12 horas do dia seguinte. Quando
descíamos em Wenceslau Braz, era costume procurarmos as casas
de nossos parentes, para ali ficarmos, das 11h30 até as 20
horas, aproximadamente (...) À noite, agora, tudo mudava,
a escuridão cobria tudo, somente se podia divisar os trilhos
à frente da locomotiva, mal iluminada pelo enorme farol frontal
da máquina, a silhueta da composição não
passava de dezenas de janelas iluminadas deixando visualizar com
dificuldade todos os carros. De quando em quando, cortinas de fagulhas
eram expelidas pela chaminé da locomotiva, que rasgava a
noite até chegar na estação de Jaguariaíva.
(...) Deixando Wenceslau Braz com destino a Curitiba, o trem parava
nas seguintes estaçõezinhas: Calógeras, Egídio
Piloto, Arapoti, Jackson Figueiredo e, em seguida, chegava à
cidade de Jaguariaíva" (do livro Pinhalão:
Memórias, de Abib Calixto, 1986).
Como tantas outras, a estação original,
de madeira, não existe mais e uma mais recente, bem menor
e mais acanhada, foi erigida em cima dos alicerces antigos. Curiosamente
isto aconteceu já nos anos 1990, bem após a retirada
dos trens de passageiros.
Pelas fotos abaixo, em 1990 ela ainda
era de madeira; em 1998, já outra, de alvenaria. Qual teria
sido o motivo da mudança em uma estação que
não atendia mais trens de passageiros desde 1979?
Esta "nova",
por sua vez, estava em 2016 totalmente depredada, restando só as
paredes em pé. Pelo grande pátio vazio e abandonado, existiam restos
esparsos de construção, entre eles um poço de inspeção de locomotivas.
No passado, deveria haver aqui serviços de manutenção em material
rodante, talvez pela posição de entroncamento com o antigo ramal
de Barra Bonita.
ACIMA: A estação em 1920 (Foto atribuída
a Arthur Wischral).
ACIMA: Nas duas fotos, o desvio da serraria Maluf:
( à esquerda) um vagão carregado de pranchas de madeira;
(à direita) as pranchas dos dois lados de uma das linhas
do desvio (Foto do livro Thomazina - Empresa Editora Olivero,
Curitiba, 1928).
ACIMA: Pátio ferroviário em Wenceslau Braz em 1952. A figura de construção mostra o prédio do Ferroviário Esporte Clube. As linhas e estradas saem para Ibaiti (à direita) e Jacarezinho (à direita, Jaguariaíva (para a esquerda, mais embaixo) e para baixo, Itararé. Difícil saber o que é linha e o que é estrada (Correio dos Ferroviarios, janeiro de 1952).
ACIMA: Locomotiva diesel da RVPSC com festas na
estação de Wenceslau Braz, em 1963. Teria sido a primeira
diesel a ter chegado na cidade, daí a festa? (Acervo Nilson
Rodrigues).
ACIMA: Pátio e estação,
ainda a original de madeira, em 15/12/1987. Trem especial de natal
da ABPF-Paraná (Acervo ABPF-PR).
(Fontes: Rogério Carlos Born; Nilson Rodrigues; Douglas Razzaboni;
ABPF-Paraná; Abib Calixto: Pinhalão - Memórias,
1986; RVPSC: Horário dos Trens de Passageiros e Cargas, 1936;
__: Thomazina - Empresa Editora Olivero, Curitiba, 1928; IBGE, 1960)
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