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Cia. E. F. S. Paulo-Rio
Grande (1900-1942)
Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (1942-1975)
RFFSA (1975-1996) |
REBOUÇAS
(antiga ANTONIO REBOUÇAS)
Município de Rebouças, PR |
linha Itararé-Uruguai - km 385,174
(1936) |
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PR-0065 |
Altitude: 777,854 m |
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Inauguração: 01.05.1900 |
Uso atual: demolida |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1981 (já demolida) |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha Itararé-Uruguai, a linha-tronco da RVPSC, teve a sua
construção iniciada em 1896 e o seu primeiro trecho
aberto em 1900, entre Piraí do Sul e Rebouças, entroncando-se
em Ponta Grossa com a E. F. Paraná. Em 1909 já se entroncava
em Itararé, seu quilômetro zero, em São Paulo,
com o ramal de Itararé, da Sorocabana. Ao sul, atingiu União
da Vitória em 1905 e Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul,
divisa com Santa Catarina, em 1910. Trens de passageiros, inclusive
o famoso Trem Internacional São Paulo-Montevideo, este entre
1943 e 1954, passaram anos por sua linha. Os últimos trens
de passageiros, já trens mistos, passaram na região
de Ponta Grossa em 1983. Em 1994, o trecho Itararé-Jaguariaíva
foi erradicado. Em 1995, o trecho Engenheiro Gutierrez-Porto União
também o foi. O trecho Porto União-Marcelino Ramos somente
é utilizado hoje eventualmente por trens turísticos
de periodicidade irregular e trens de capina da ALL. O trecho Jaguariaíva-Eng.
Gutierrez ainda tem movimento de cargueiros da ALL. |
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A ESTAÇÃO: A estação
foi inaugurada em 1900 com o nome de Antonio Rebouças,
engenheiro que trabalhou em diversas ferrovias no País, como
a Sorocabana, RVPSC e a Cia. Paulista.
"A cidade de Rebouças se formou
pelo agrupamento de pessoas ao redor da estação quando da construção
da SPRG. Nos relatórios da RVPSC é informada como data de inauguração
da estação o dia 01/05/1900, mas já vi um relato da época que informa
que um trem inaugural passou por lá em 17/11/1899, inaugurando também
a estação de Irati e outras no caminho para Ponta Grossa (Luciano Pavloski, 01/2003).
Em 1937, o relatório da RVPSC escrevia que "a estação Engenheiro Rebouças já não comportava conserto, exigindo sua demolição completa, tal seu precário estado".
Nos anos 1940, teve o nome simplificado
para Rebouças.
"Hoje Rebouças
é uma cidadezinha pouco movimentada, mas foi bem diferente nos áureos
tempos da ferrovia. A extração de madeira (araucária) e erva mate
foram seus principais meios de renda e existia lá uma grande vila
ferroviária, muitas serrarias, alguns hotéis e movimento constante
de viajantes que percorriam o trajeto vindos do sul ou do norte. A
praça em frente foi por muito tempo um grande pátio onde se acumulavam pilhas de toras para embarque nos trens. Uma senhora
conhecida de minha família e já falecida possuiu um hotel em frente
à estação e ouvia a reclamação dos hóspedes, que eram obrigados a
cruzar a praça ziguezagueando entre toras gigantescas de imbuia e
araucária para chegar à estação. Com o fim da madeira e do mate, Rebouças
foi ficando esquecida no tempo, os ferroviários sumiram, o movimento
na cidade caiu, os trens foram rareando e, finalmente, em janeiro
de 1989, a estação foi desativada. Antes disso, em 1980,
a estação de madeira tinha acabado de ser demolida, e sobre a base
do que era a estação, o prefeito insistiu para que se construísse
uma estação nova" (Luciano Pavloski, 01/2003).
A estação
nova acabou sendo construída e entregue já em 1981.
E os trens de passageiros permaneceram, mistos, até 1983, quando
uma enchente deixou a cidade isolada e os trens passaram a ser a única
opção de entrada e saída da cidade. Mas a enchente
foi a desculpa para o fim deles em todo o Estado.
Em janeiro de 1993,
veio a demolição da estação e das casas
da vila. E o que é pior: nove anos depois disso, início
de 2003, e a plataforma estava lá mal cuidada e coberta
de mato. "Estive em Rebouças, onde restou somente a plataforma.
Como se pode ver na foto, apenas um circo utiliza atualmente o pátio,
o que de certa forma vem ilustrar a palhaçada que foi o trato dado
às ferrovias no país..." (Flávio Marcellini,
01/2003).
Logo após a estação, sentido sul, existia em 2003
ainda a velha ponte sobre o Rio Potinga, a maior da região) totalmente
isolada no meio do mato, já sem trilhos.
É Luciano
Pavloski quem conta: "Eu costumava pescar nesse rio quando
era criança. Ela está a uns 7 ou 8 km da cidade e o trajeto até ela,
acompanhando a linha, de bicicleta, era mais gostoso que a própria
pescaria. O lugar era especialmente pitoresco. A linha da SPRG fazia
aquela imensidade de curvas desnecessárias, mais imensamente simpáticas
para um fã de ferrovia, cortando barrancos cobertos de musgo e pedras
onde sempre havia uma infalível bica d'água. Aqui e ali, passava-se
por diversos pontilhões e bueiros, tudo quase centenário. O caminho
ao redor da linha (a banqueta, conforme os ferroviários) era tão limpa
que era possível ir para outros municípios tranqüilamente, de bicicleta,
acompanhando a linha. Ao redor de tudo, muita vegetação e pouca interferência
dos seres humanos na natureza. O máximo que havia eram algumas roças,
um ou outro reflorestamento de pinus e algumas raras estufas e plantações
de fumo. Realmente um cenário digno de maquete, e eu me sentia uma
figura HO andando por ali..."
O último trem passou
por Rebouças em abril de 1994, levando três horas
para vir de Eng. Gutierrez - apenas a 15 km dali - pois
teve de remover várias árvores e mato na linha, já
sem ser utilizada há muitos anos. Este foi um trem que veio
para avaliar os objetos das estações e da linha para
serem retirados.
Em 1995, um trem de turma mecanizado da RFFSA retirou
a maior parte dos dormentes da linha, e, entre 1996 e fevereiro de 1997
os últimos trens de serviço vieram e retiraram a linha, que, entre 1993
e 1995, já tinha sido retirada até Minduí.
No local da estação foi construída uma escola.
(Agradecimentos a Luciano Pavloski e a Vilson Luiz Zvir,
ambos nascidos em Rebouças e que enviaram verdadeiras
aulas de leitura e visual sobre Rebouças, sua história e sua ferrovia.)
ACIMA: Estação de Rebouças em 1907 (Autor desconhecido).
(Fontes: Luciano Pavloski; Vilson Luiz Zvir; Ivan Pereira
de Andrade, 2006; Flávio Marcellini, 2004; RVPSC: Horário
dos Trens de Passageiros e Cargas, 1936; RVPSC: Relatórios
oficiais, 1920-60; IBGE, 1960; Guia Geral das Estradas de Ferro do
Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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Foto de 26/01/1941 tomada da praça em direção à estação; mostra
o prédio original com uma ampliação em construção. No
fundo, uma das serrarias e pilhas de madeira serrada. |
Em 1942, visão da praça em fase final de construção, a estação
agora aumentada e caminhões com madeira. Bem à esquerda, em
frente à estação, vários barris de mate. |
Ainda ao lado, ao fundo, casas dos ferroviários.
A maior, de alvenaria, que aparece à esquerda, era a casa do
agente de estação, hoje demolida.
Plataforma da estação, anos 1940 |
A estação em 12/1960, ainda com muito movimento
e uma G12 na plataforma. |
A estação, anos 1970. Ainda há passageiros
no aguardo do trem |
Na mesma época, anos 1970, o trem vindo de Irati recolhe
passageiros e ainda tudo é limpo em volta. |
Ainda anos 70 e a estação firme, resistindo, com
uma U12B na plataforma |
No centro da foto, a estação demolida e as suas
fundações, em 21/07/1980 |
Em 1981, já havia uma nova estação. Os
carros à direita são para treinamento do SENAI |
A estação nova com uma G12 à frente. |
Composição de pasageiros nos anos 1980 em frente
à estação. |
Plataforma já mal cuidada, em 28/07/1998. |
A plataforma da estação demolida, em 01/2003.
Foto Flávio Marcellini |
Todas as fotos, com exceção das citadas foram
tiradas ou cedidas por Luciano Pavloski |
Casa da vila ferroviária, em madeira, e antigo depósito
de ferramentas da ferrovia, próximos à estação.
Foto Ivan Pereira de Andrade, em 2006 |
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Atualização:
27.03.2020
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