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E. F. Central do
Brasil (1894-1972) |
CRISTIANO
OTTONI
Município de Cristiano Otoni, MG |
Linha do Centro - km 438,695 (1928) |
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MG-0424 |
Altitude: 988 m |
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Inauguração: 15.12.1883 |
Uso atual: Depto de Cultura e Turismo (2014) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali construída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra Mansa o "Barrinha" e entre Montes Claros e Monte
Azul os trens sobreviveram ambos até 1996. Em resumo, a linha inteira
ainda existe para trens cargueiros, exceto no trecho entre Miguel
Burnier e General Carneiro, onde foi abandonada e teve boa parte dos
trilhos retirados depois da privatização de 1997. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Cristiano Ottoni foi inaugurada em 1883. Tem o nome de Christiano
Benedito Ottoni, organizador da E. F. Dom Pedro II.
A abertura de uma variante em 1942 deixou-a fora dos trilhos da Linha
do Centro, embora a linha original tenha sido mantida até
final dos anos 1960 possibilitando a passagem e parada dos trens de
passageiros na estação até essa época.
Em 1970, eles já não passavam mais pela estação.
Os trilhos foram retirados.
Cravado entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, o município
de Cristiano Otoni começou a ser povoado há cerca de
300 anos, quando chegaram ao terreno acidentado e de clima ameno os
primeiros bandeirantes. Mas a cidade de 4,9 mil habitantes, a 118
quilômetros de Belo Horizonte, na região central do Estado,
deve mesmo o seu desenvolvimento à Estrada de Ferro Central
do Brasil. A linha de trem foi inaugurada no final do século
XIX, graças ao pioneirismo do engenheiro Christiano Benedicto
Ottoni, que teve que vencer desafios para levar o meio de transporte,
sinônimo de progresso, ao local.
Na época, a construção
dos trilhos era desacreditada pelo Império, que não
considerava possível fazer a locomotiva, que vinha do Rio de
Janeiro, transpor a Mantiqueira e chegar ao povoado, a 890 metros
de altitude. Mas o engenheiro apresentou alternativas construtivas
ao imperador dom Pedro II, que deu aval para que o sonho fosse adiante.
Conforme os moradores mais antigos, uma comitiva enviada pela Corte
esteve na região, em 1883, para prestigiar a festa de inauguração
da estação ferroviária, que, a partir daí,
impulsionaria o desenvolvimento local. Batizada com o nome do seu
maior herói, hoje considerado o pai das estradas de ferro no
Brasil, Cristiano Otoni ganhou status de distrito de Conselheiro Lafaiete em 1911 e, em 1963, foi emancipada.
A linha férrea levaria minério, mantimentos, roupas,
especiarias e outros produtos para a cidade até 1942, quando
a construção de uma variante, próximo à
BR-040, desviou os trens de carga da estrada original. Contudo, os
vagões de passageiros continuaram aportando na estação
antiga, no Centro da cidade. Nascido no município, o eletricista
Wincler Luiz Magella recorda que a chegada da locomotiva,
pontualmente às 20h20, era o principal acontecimento do dia
para os moradores: 'A gente se vestia para esperá-la. Moças
e rapazes vinham do Rio, com as mercadorias da moda, e muitos aproveitavam
para flertar na própria plataforma de embarque e desembarque',
conta ele, sem se esquecer de uma noite de junho, quando a máquina
a vapor lhe trouxe a mulher com quem se casou. Magella explica que,
aos poucos, a estrada de ferro perdeu sua importância econômica
e social. Foi a própria locomotiva que transportou, em 1946,
os primeiros projetores do cinema, que seduziu a juventude e relegou
a estação ao segundo lugar na preferência dos
casais de namorados.
Cristiano Otoni já teve um pátio
de transbordo, no lugar denominado hoje de Rua Asdrúbal Baeta;
ali tinha o nome de 'Companhia', e era onde se baldeava o minério
que vinha do Cocuruto por uma ferrovia particular, que era chamada de 'Linha do
Cocuruto'. Era uma linha de bitola estreita que ligava Cocuruto (próximo
a Casa Grande) a Cristiano Otoni. Em 1928, esta linha ainda funcionava, de acordo com o escritor Max Vasconcellos.
Em 2005, ainda existia o leito da linha, com algumas pontes em ruínas;
ali na estrada que ligava da Rua Asdrúbal Baeta à propriedade
da D. Vera do açougue existia um pontilhão e era neste
local o pátio de transbordo, onde embarcavam minério,
gado, suínos, aves e ovos que eram remetidos para o Rio de
Janeiro; e ainda tijolos e manilhas que eram vendidos para a Cia.
Telefônica (Light).
Em 1972, os trilhos haviam sido desativados
de vez. Em 2005, no pequeno galpão amarelo, onde antes se vendiam
bilhetes e amores, funcionava uma pequena fábrica de doces. 'Mas
o nosso projeto é transformá-lo num museu que conte
a história da cidade', explicava o presidente da Câmara
Municipal, Gerson Luiz de Souza, lembrando que o prédio, o
único do século XIX então ainda de pé em Cristiano
Otoni (Dados colhidos em O Estado de Minas, janeiro
de 2005).
Em 2006, as caixas d´água da antiga estação ainda despejavam água em abundância
nas canaletas de pedra remanescentes da EFDP II e Central. Esta variante que eliminou
a estação de Cristiano Otoni é a tal variante de Pedra do Sino. A linha nova passava
ainda no município, atrás do morro junto às caixas d água, a cerca de
800 metros (Pedro Paulo Resende, 10/2006).
Em 2014, o prédio já era utilizado pela Secretaria
de Cultura, Turismo e Patrimônio e também pelo departamento de Esporte
e Lazer do município.
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1885
AO LADO: É provável que esta linha seja a linha do Cocoruto (ou E. F. Cristiano Ottoni a Pitangui).
(O Estado de S. Paulo, 21/7/1922). |
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1922
AO LADO: Desfalque em Cristiano Ottoni
(O Estado de S. Paulo, 21/7/1922). |
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1931
AO LADO: Descarrilamento próximo a Cristiano Ottoni
(O Estado de S. Paulo, 11/1/1931).
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1939
AO LADO: Descarrilamento entre a estação
e a de Buarque de Macedo (O Estado de S. Paulo, 26/8/1939).
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ACIMA: A cidade e a estação (centro-esquerda)
ainda com os trilhos (Acervo Roberto Nomiya - sem data).
ACIMA: As caixas d'água da estação de Cristiano
Ottoni (Foto Roberto Nomiya em 6/2011).
ACIMA: Dentro da ex-estação de
Cristiano Otoni, hoje é assim (Fotos Departamento de Cultura,
Turismo e Patrimônio de Cristiano Otoni em março de 2014).
(Fontes: Alex de Lima; Gutierrez L. Coelho;
Pedro Paulo Resende; Roberto Nomiya; Departamento de Cultura, Turismo
e Patrimônio de Cristiano Otoni; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras
de Communicação, 1928; O Estado de Minas, 2005; O Estado
de São Pauo, 1939; Guias Levi, 1932-84; Mapa - acervo R. M.
Giesbrecht) |
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A estação de Cristiano Ottoni, em 05/2003. Foto
Gutierrez L. Coelho |
A estação de Cristiano Ottoni, em 05/2003. Foto
Gutierrez L. Coelho |
A estação e a caixa d'água, esta à
esquerda na foto, em 10/2006. Foto Pedro Paulo Resende |
A estação em 06/2011. Foto Roberto Nomiya em 6/2011 |
A estação em 06/2011. Foto Roberto Nomiya em 6/2011 |
A estação em 2/11/2015. Foto Fernando Marietan |
A estação em 2016. Foto Alex de Lima |
A estação em 21/4/2021. Foto Julio Alves |
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Atualização:
24.04.2021
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