HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco
da Viação Ferrea do Leste Brasileiro (VFFLB) era a linha
original da E. F. Bahia ao São Francisco, aberta entre 1860
e 1863 e ligando a estação da Calçada, em Salvador,
à de São Francisco, em Alagoinhas, ainda bem longe do
rio do mesmo nome. Esta linha foi incorporada pelo Governo baiano
em 1903, repassada a outros concessionários até que
em 1911 foi entregue à concessão da Cia. Chemins de
Fer Federaux du L'Est Bresilien, de capital francês. Em 1935,
a VFFLB foi criada pelo Governo para ficar com o acervo dos franceses,
já sem interesse de mantê-la. Em 1975 foi definitivamente
incorporada pela RFFSA como uma de suas divisões, depois de
ter sido uma das constituintes desta, em 1957. O último trem
de passageiros de longo percurso passou pela linha nos anos 1980,
e hoje (2005) trafegam, no trecho Calçada-Paripe, apenas trens
elétricos metropolitanos, ainda sob a batuta da CBTU. Hoje
todas as linhas baianas que sobram em atividade estão sob a
concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). |
A ESTAÇÃO: A estação
de Coutos foi inaugurada em 1942.
O prédio atual pode ser
ainda o original. Coutos é hoje uma estação de trens suburbanos tocados pela CBTU. A linha de subúrbios
entre as estações de Lobato e do Paripe correu sempre junto ao mar e é um trajeto muito bonito.
A estação continuou sendo utilizada para os
trens suburbanos tocados pela CBTU até o dia 16/2/2021, quando todo o trecho entre a Calçada até Paripe foi fechado para que obras do futuro VLT fossem feitas. Um ano depois, as obras não estavam prontas e nenhum trem atendia ao trecho.
"Moradora do bairro de Coutos, a técnica de enfermagem Silvonete Sales usava o trem diariamente para ir até a Calçada. Agora, precisa esperar mais tempo no ponto de ônibus, que fica em frente à antiga estação ferroviária. Com os ônibus, o tempo de viagem dura uma hora, meia hora a mais do que ela precisava quando utilizava os trens. Além disso, a passagem custava apenas R$ 0,50, na época em que os serviços foram suspensos, valor incomparável com os atuais R$ 4,90 cobrados nos coletivos. Para além dessas questões, o principal problema que Silvonete enfrenta ao pegar ônibus é o medo. Ela não considera os pontos de Coutos seguros, sobretudo por causa dos tapumes que isolam os trilhos por onde passavam os trens. “A gente fica recuado e não tem como ver quem está vindo. A segurança aqui já era ruim e com isso, piorou”, opinou.'Tem duas escolas e uma maternidade aqui. Mato de um lado, tapume do outro, e às vezes fica tudo escuro. A gente tem que passar rápido e termina sendo perigoso', pontuou a moradora, fazendo referência à Maternidade Maria da Conceição de Jesus, inaugurada há dois anos. Muitos tapumes instalados estão danificados pelo ação humana e também pelo tempo sem manutenção. Cleide Matos, que também mora em Coutos, detalhou que esses equipamentos quebrados se tornaram um facilitador na fuga de suspeitos de assaltos a ônibus, frequentes na Avenida Afrânio Peixoto, conhecida popularmente como Suburbana.'O pessoal assalta os ônibus e desce correndo. Essas placas deixam a gente isolado, tanto na parte de cima quanto na de baixo. Se acontece alguma coisa por aqui, ninguém de lá de cima vê nada', analisou, fazendo relação com os trechos onde a pista e o trilho estavam lado a lado, mas em desnível (Moradores reclamam da falta dos trens e demora do VLT no subúrbio de Salvador, G1, Notícias da Impensa, 17/07/2023").
ACIMA: Localização da estação
de Coutos - a linha é o traço preto no mapa. CLIQUE
SOBRE A FIGURA PARA VER O PERCURSO INTEIRO (Mapa de Salvador - Universidade
Católica de Salvador, 2000).
(Fontes: Alexandre Santurian; Universidade Católica
de Salvador; Cyro Deocleciano R. Pessoa Jr.: Estradas de Ferro do
Brazil, 1886; RFFSA: Relatório da SR-7, 1984; Guia Geral de
Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-84) |