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E. F. Muzambinho
(1894-1908)
E. F. Minas e Rio (1908-1910)
Rede Sul-Mineira (1910-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1966) |
CAMPANHA
Município de Campanha, MG (1894-) |
Ramal de Campanha - km 192,013
(1960) |
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MG-2748 |
Altitude: 874 m |
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Inauguração: 11.09.1894 |
Uso atual: Secretaria da Cultura (2016) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: O
ramal de Campanha foi construído pela E. F. Muzambinho em 1894,
saindo de Freitas, na então Minas e Rio, e atingindo Campanha.
Na mesma época, foi construído outro curto ramal, o
de São Gonçalo, ligando Campanha a esta cidade. Mais
tarde ambos foram unificados. Os dois foram extintos em 17/12/1966. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Campanha foi aberta com o ramal, em 1894.
Pelo menos esse trecho até Campanha foi construído
por Euclides da Cunha,
que o inaugurou juntamente com a estação em 1894.
O tráfego de trens permaneceu até 17/12/1966.
A estação
e o armazém estavam de pé em 2010,
funcionando como depósitos. Curioso
que em fotos mais antigas (ver abaixo), a estação tinha
um segundo andar, que não existe mais hoje. Os prédios
ficam fora da cidade, do outro lado da rodovia que liga a rodovia
Fernão Dias a Juiz de Fora.
A estação foi restaurada em 2014 e em 2016 era ocupada
pela Secretaria da Cultura do municípios.
"Era o ano de 1948. O trem da Rede Mineira de Viação, para
alguns, muito carinhosamente, "Maria-Fumaça" se aproxima da estação
ferroviária de Jesuânia. O Senhor Ariovaldo Fonseca, chefe da estação,
aciona a sineta que tilintava festivamente para anunciar a chegada
da composição. Os amantes do passeio da noite que inocentemente cobria
a doce e rica paisagem notavam sua proximidade pelo estridente e tradicional
apito. Ouviam o barulho da locomotiva, sentiam as vibrações e o inconfundível
pipocar das fagulhas, faíscas minúsculas que brilhavam durante a noite.
Era um momento repleto de emoção, e muitas pessoas saiam, e por vezes
em verdadeira correria, pelas românticas e tranquilas ruas para ver
o saudoso trem na estação! Encontro quase apaixonado, uma espécie
de poema épico, como se fosse o maior presente que uma pessoa pudesse
receber. Costume sadio, divertido, que traduzia a alma de uma nova
cidade que nascia para o mundo. E por isso, reuniam-se adultos, jovens,
adolescentes, crianças, moças, senhoras para a chegada do trem, que
balançava, anestesiava corações e mentes.
E nesse embalo de saudade e história florida de encantadoras e belas
paisagens, aconteceu que um menino magricelo, inocente caminha em
direção à bucólica estação ferroviária. Queria participar e viver
também, o momento de paixão, de mística saudação à barulhenta e amiga
locomotiva. Ainda que a viagem fosse motivo de orgulho para o garoto,
ficava, no entanto, a cruel realidade de uma despedida das inocentes
brincadeiras do tempo da infância e do afeto dos Pais.
Havia, porém, uma espécie de certeza, pois o destino estava traçado:
estação ferroviária da Campanha, cidade que acolhia os meninos para
a aventura de um internato. E começava, neste momento, o sentido de
responsabilidade. Era como o "Trem das Onze" da música e versos de
Adoniran Barbosa, "não podia ficar nem mais um minuto com você", nem
com os Pais, com ninguém. Seria repreendido se perdesse o trem, pois
era a entrada para o internato. No entanto, o menino de calças curtas
ainda não havia se entrosado com a turma para tentar esquecer um pouco
os encantos da cidade natal; os brinquedos e passeios, quando a composição
se aproxima de Lambari, para embargue ou desembarque na querida Parada
Melo, colada ao Hotel Imperial.
Era o ponto mais festejado nesta passagem pelas águas minerais! Com
isso, novas recordações dos Pais, irmãos, parentes, companheiros dos
piques, das engraçadas cenas de mocinho com fala enrolada dos inesquecíveis
faroestes. Lambari significava charretes, cavalos, garrafas e garrafões
de água mineral, porque a visita ao parque das águas era o passeio,
o badalado, o imperdível passeio. Depois dessa emoção e da simpática
estação ferroviária de Cambuquira, começavam os preparativos para
o desembarque. Rolam malas... Embrulhos, merendas e matulas
em quantidade preparadas pelas dedicadas mamães, que sufocadas pela
saudade, porém, extremamente fervorosas, rezavam e rezavam pela felicidade
dos pequerruchos.
De repente, o saudoso apito anuncia a estação ferroviária Dom Ferrão
da Campanha, cujo Chefe, conhecido como Senhor Paixão, recebia com
atenção a criançada de várias cidades que viajava no trem da rede
mineira. A majestosa estação Dom Ferrão, conforme relato em torno
da rede ferroviária, tornou-se mais célebre ainda- ali nascera uma
pessoa ilustre, seu pai era agente da estação na época - quando do
nascimento de Nilton Val Ribeiro, que foi renomado jurisconsulto,
professor, poeta, compositor. Uma vez na cidade da Campanha, os garotos
caminharam pelas ruas íngremes e, eufóricos, radiantes, cada um com
suas malas, embrulhos, merenda, muita merenda...
Chegam ao internato... E os meninos pensavam e acreditavam: Viver
é viajar dentro do encantado trem da companheira Rede Mineira de Viação.
A vida é assim... E nada poderia acontecer tão diferente dessa contagiante
felicidade, pois para eles a "vida ainda não tivera o seu lado amargo"
(Antonio Brandão Pereira, julho/2014)".
ACIMA:
Estação de Campanha por volta de 1910 (Autor
desconhecido - acervo Sergio Celso Silva).
ACIMA: Descarrilamento
que causou acidente junto à estação de Campanha
em 1911. Segundo a revista O Malho, o trem passou rapidamente por esta estação, pois ela estava totalmente às escuras e depois tombou na ponta dos trilhos. A diretoria da ferrovia havia ordenado o desligamento das luzes da estação por fator de economia (O Malho, 16/9/1911).
1924
AO LADO: Ligação entre Campanha e São
Gonçalo (O Estado de S. Paulo, 4/1/1924). |
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1956
AO LADO: Mapa do ramal de Campanha
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"Viajei
algumas vezes nos trens da RMV no trecho Campanha - São Lourenço.
O ruído das locomotivas e dos vagões, o cheiro dos trens, a
chegada das composições nas estações e a visão que se tinha
quando a linha fazia uma curva é impossível de se esquecer.
Em Campanha, o chefe da estação era o Sr. Paixão. Ele abria
a estação às 5 horas da manhã, mandava chamar o maquinista,
o foguista e o guarda-freios, telegrafava para Três Corações
pela linha direta avisando que estava a postos, e passava a
esperar o trem que vinha de São Gonçalo do Sapucaí, cuja estação
era o fim do ramal. O trem chegava de São Gonçalo puxado pela
locomotiva número 125, uma Baldwin pequena que queimava lenha.
Completada a viagem, a 125 ficava o resto do dia esperando em
Campanha para levar novamente o trem até São Gonçalo, à noite.
A composição era formada por um vagão misto de correio-carga,
um carro de segunda classe e um carro de primeira. Ao chegar
em Campanha, a 125 era desengatada e seguia para o virador,
que ficava à direita, logo depois da caixa d'água. Então, a
locomotiva que levaria o trem até Freitas, já à pleno vapor,
deixava o desvio, entrava de ré na via permanente e engatava
nos vagões, que estavam parados na plataforma sem a iluminação
interna com a saída da 125. Recebida a ordem de partida, o trem
seguia para Cambuquira, Lambari, Jesuania, Olímpio Noronha e
Freitas, onde começava o ramal de Campanha. Em Freitas, ficávamos
esperando o trem que vinha de Varginha. Os vagões de Campanha
eram engatados na traseira dos vagões de Varginha e o trem seguia
para Soledade de Minas. Na volta, esperávamos em São |
1961
ACIMA: Os estudantes que saíram de trem de Campanha
aguardam o trem para Cruzeiro na plataforma da estação
de Freitas em julho de 1961.
CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR (Foto
Fernando Villamarim).
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Lourenço o trem que vinha
de Cruzeiro. Localizado o vagão de Campanha, jogávamos as malas
pela janela para arranjar uma boa poltrona no lado esquerdo
do vagão, pois a vista era melhor. Então, seguíamos para Soledade,
onde os vagões para Baependi eram separados, e depois para Freitas,
onde o trem era novamente separado para Campanha e Varginha.
Ao chegar em Campanha à noite, a 125 já estava pronta para levar
o trem até São Gonçalo, 35 km adiante. A máquina que vinha de
Freitas era desengatada e a 125 assumia a composição, pois o
virador de São Gonçalo era pequeno e não acomodava as máquinas
maiores. Quando a 125 não levava o trem, as máquinas que vinham
de Freitas seguiam até São Gonçalo, mas tinham de voltar de
ré e virar em Campanha" (Fernando Villamarim, julho
de 2009, relatando uma excursão a Cruzeiro realizada
em julho de 1961). |
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local;
Marcelo Paulo Dias; Antonio Brandão Pereira; Sergio Celso Silva;
Bruno Nascimento Campos; Fernando Villamarim; Geraldo Ribeiro Jr.;
O Malho, 1911; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)
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A estação original, com dois andares, sem data.
Foto enviada por Geraldo Ribeiro Jr. |
A estação, em 18/05/2003. Foto Ralph M. Giesbrecht
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A estação, em 18/05/2003. Foto Ralph M. Giesbrecht
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A estação, ao fundo, e o armazém, em 18/05/2003.
Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação continuava abandonada em 10/2010. Foto
Bruno Nascimento Campos |
A estação restaurada em 15/6/2014. Foto Marcelo
Paulo Dias |
A estação restaurada em 15/6/2014. Foto Marcelo
Paulo Dias |
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Atualização:
21.11.2022
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