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Great Western do
Brasil (1907-1950)
Rede Ferroviária do Nordeste (1950-1975)
RFFSA (1975-1997)
CFN (1997-2012) |
velha
nova
CAMPINA GRANDE
Município de Campina Grande, PB |
Ramal de Campina Grande - km 224
(1960) |
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PB-3173 |
Altitude: 508 m |
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Inauguração: 02.10.1907 |
Uso atual: velha: museu (2018);
nova: abandonada (2018) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1907 (velho); 1961 (novo) |
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HISTORICO DA LINHA: O ramal de
Campina Grande teve seu primeiro trecho entregue em 2 de outubro de
1907, entre a estação de Itabaiana, na linha da Great
Western que ligava Recife a Natal, e a cidade paraibana de Campina
Grande. Do outro lado do Estado da Paraíba, entre 1923 e 1926,
a Rede de Viação Cearense alcançava a cidade
de Souza, partindo de sua linha-tronco que ligava Fortaleza a Crato,
no Ceará, a partir da estação de Arrojado. De
Souza, a RVC avançou até Pombal (1932) e depois a Patos
(1944). O trecho de 164 km entre Patos e Campina Grande somente seria
entregue ao tráfego em 1958, e era justamente esta a linha
que ligava o Nordeste Ocidental ao Oriental, ou seja, o Ceará
ao resto do Brasil. Até o final dos anos 1990, este ramal era um dos mais movimentados,
em termos de cargueiros, do Nordeste, ligando Recife a Fortaleza e
dali a São Luiz do Maranhão. O tráfego de passageiros havia sido desativado já np final dos anos 1970. Em 2021 a linha toda já estava abandonada. |
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A ESTAÇÃO: A estação
original de Campina Grande foi inaugurada em 1907 pela Great
Western, como ponta de linha do ramal de Campina Grande. "O
ano era 1907. Um sentimento de euforia e surpresa tomava conta dos
moradores de Campina Grande com a notícia de que chegaria à Estação
Ferroviária Great Western - hoje conhecida popularmente como Estação
Velha - do primeiro trem que atenderia à população da Rainha da Borborema.
O trecho da linha saía de Itabaiana com destino a Campina Grande,
passando pelo distrito de Galante.
A chegada oficial do trem na Estação de Campina Grande é datada de
2 de outubro de 1907, mas estudiosos como Epaminondas Câmara - autor
do livro Datas Campinenses - registrou que em 7 de setembro daquele
ano a máquina começou a trafegar, ou seja, há 99 anos. Em quase um
século de história, especialistas confirmam
a importância deste segmento para o desenvolvimento urbano e econômico
campinense e criticam a falta de conservação em alguns trechos do
Sertão paraibano, por onde a linha férrea passava, que hoje estão
jogados ao descaso. O meio de transporte hoje é utilizado apenas para
carregamento de mercadorias.
"Onde o trem chegava havia uma movimentação econômica muito grande
sem contar nas mudanças comportamentais e culturais que a chegada
da novidade promovia no cotidiano da população ", explica o professor
Gervácio Batista Aranha, do departamento de História da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG). O professor estuda o fenômeno do
sistema ferroviário no Nordeste; inclusive a tese de que defendeu
no doutorado pela Universidade de Campinas (Unicamp) teve como tema
"Trem, Modernidade e Imaginação na Paraíba e Região". Até a década
de 1940, a estação foi ponto de destaque no desenvolvimento econômico
e cultural campinense.
O transporte de produtos - como o algodão - para outros portos do
Brasil e Europa levava e trazia novidades e riquezas, influenciando
na vida das pessoas. Como todo importante ato histórico, a chegada
do primeiro trem à estação de Campina Grande foi marcada por uma grande
presença popular com a participação de autoridades que estruturavam
o cenário político da época. Documentos da época mostram que uma banda
de música animava o momento e fogos de artifícios convidavam a população
local a participar da festa. Uma comitiva da empresa
Great Western chegou por volta do meio-dia da quarta-feira, dia 2
de outubro de 1907.
Na recepção o prefeito Cristiano Lauritzen acompanhado do major Lino
Gomes, major Juvino do Ó, Alferes Manuel Paulino de Morais, professor
Clementino Procópio, monsenhor Sales, Tito Sodré, Benedito Rodrigues,
dr. Afonso Campos, dr. José Pinto, Manuel Lins de Albuquerque e os
irmãos Cazuza, Miguel e Francisco Barreto engrossavam a lista de personalidades
presentes ao momento histórico.
O orador da solenidade era o médico e empresário Assis Chateaubriand
Bandeira de Melo. Às seis horas da tarde - depois de um atraso de
quatro horas - os presentes no local avistaram de longe a máquina
- enfeitada com folhas de palmeiras e duas bandeiras do Brasil - e
o apito anunciava a tão esperada chegada do trem à Rainha da Borborema.
O professor Gervácio Batista Aranha explica que na época da inauguração,
Campina Grande possuía apenas cerca de seis mil habitantes, sendo
que quase quatro mil pessoas compareceram ao evento. "Era a realização
de um sonho alimentado por mais de duas décadas pela população e autoridades
locais", frisa.
Mas foi necessário um pouco de pressão política para que o sonho se
tornasse realidade. Documentos que tratam do assunto mostram que o
prefeito da cidade na época, Cristiano Lauritzen, foi duas vezes ao
Rio de Janeiro para conseguir recursos e apoio federal para construção
de uma linha férrea para Campina Grande. "Havia muito jogo político
nesse sistema, o que deixou muitas cidades prejudicadas", destaca
o professor. O funcionamento do sistema ferroviário no Brasil está
ligado diretamente às mudanças de costumes e comportamentos na vida
da população campinense, assim como aconteceu com as demais cidades
do País que eram atendidas pelo sistema de ferrovias.
A conexão com outros pólos econômicos e sociais possibilitou aos campinenses
o contato com culturas de outras partes do País, influenciando no
modo de viver da sociedade. No transporte de passageiros, o trem mais
famoso na cidade foi o Asa Branca que fazia a linha entre Recife (PE)
e Fortaleza (CE), passando por João Pessoa e Campina Grande (*nota
do autor do site: o "Asa Branca" não passava por
João Pessoa, e somente passou a correr depois de 1958, quando
se ligou por ferrovia os Estados da Paraíba e do Ceará).
Era sagrado. Todos os dias havia um trem saindo de Pernambuco e outro
do Ceará. O som do trem servia de base de horário para muitas pessoas.
"Muitas famílias modelavam seu dia a partir do horário de chegada
do trem. Se o trem chegava na estação às 9 horas, as tarefas eram
divididas em depois e antes da chegada do trem, explica Gervácio.
Sob a alegação de inviabilidades econômicas o governo federal começou
a desativar diversos trechos pelo País. Hoje, a imagem mais presente
no cotidiano dos campinenses sobre o sistema ferroviário é o funcionamento
do trem do forró, durante os festejos do Maior São João do Mundo.
O passeio sai da Estação Velha com destino ao distrito de Galante.
Na estação também funciona o Museu do Algodão" (Jornal
da Paraíba, 03/09/2006).
Somente em 1958, a já Rede Ferroviária do Nordeste terminou
e entregou a ligação ferroviária entre esta estação
e a de Patos, no ramal da Paraíba da RVC, e a
RFFSA, já controlando as duas linhas, incorporou não
só o trecho Patos-Campina Grande como também
o trecho Souza-Patos à rede da RFN.
"A estação nova de Campina Grande foi inaugurada no dia 14
de Fevereiro de 1961 pela RFN, em um lugar mais amplo para as máquinas
poderem fazer suas manobras, no intuito de expandir os serviços ferroviários
em Campina Grande. Sua construção remonta ao ano de 1957, quatro anos
antes, em virtude da comemoração do cinqüentenário de chegada do trem
a Campina Grande. Ela passou recentemente por uma reforma, a cargo
da atual concessionária, a CFN.
A edificação apresenta característica do estilo Modernista, e suas
linhas arquitetônicas lembram o Lyceu Paraibano, da Capital do Estado.
Sua fachada é ornamentada por um painel decorativo, da autoria de
Paulo Neves do ano de 1960. O nº do seu patrimônio inscrito na antiga
RFFSA é 1240148.
A estação foi tombada pelo IPHAEP em 2001. Possivelmente, o imóvel
abrigará no futuro o Museu da CFN. Encontra-se em frente à
sua plataforma uma placa alusiva ao Cinqüentenário da chegada do 1º
Trem de Ferro a Campina Grande como 'marco da valorização econômica
do interior Paraibano" (Jônatas Rodrigues, 02/2009).
Em 2017, a estação nova estava abandonada e seu armazém
em ruínas, só com as paredes em pé.
ACIMA - A estação em 1922 (cessão Sydney Correa).
ACIMA: Às margens do Açude Velho em Campina
Grande, as antigas usinas algodoeiras instaladas. Dentre as usinas
da fotografia podemos identificar no centro a esquerda, a "SANBRA
velha", esta instalada em Campina Grande em 1936, posteriormente no
final da década de 1940 foi construída uma maior, conhecida como "SANBRA
nova". A "SANBRA velha" funcionou até início da década de sessenta
e na década de setenta sua velha usina foi demolida para a construção
do supermercado Hiper Bompreço. No centro da imagem um pouco acima
da SANBRA podemos identificar ou usina algodoeira, esta da firma 'P.Sabino
& Cia', que além do algodão também beneficiava o sisal (agave sisalana
sp.). À direita foi instalada a usina da 'Cia. Comércio e Prensagem
de Algodão', do proprietário Isaías de Souza do Ó. No centro da imagem
abaixo vemos os antigos armazéns da estação ferroviária da RFN (Rede
Ferroviária do Nordeste), ou seja, a estação velha, com diversos vagões
estacionados. (Anos 1950, autor desconhecido. Colaboração:
Jonatas Rodrigues).
ACIMA: O famoso trem Asa Branca - famoso, mas de curta
duração. Fazia o percurso entre Recife e Fortaleza,
passando por Campina Grande. Rodou somente durante alguns
anos na década de 1970 (Acervo Antonio Emerson Pombo
de Farias. Data desconhecida).
ACIMA: (esquerda) Saguão da estação
de Campina Grande-nova. (direita) Acesso principal à
estação. ABAIXO: (esquerda) Armazém ainda
em uso. (direita) Armazém abandonado (provavelmente
de 1907) (CLIQUE SOBRE AS IMAGENS PARA VÊ-LAS EM TAMANHO
MAIOR) (Fotos Jonatas Rodrigues em 12/2009).
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2009
ACIMA: Por Jônatas Rodrigues,
02/2009). Campina Grande tem
ainda duas estações: a velha e a nova, uma ao
lado da outra. "A estação velha de Campina Grande possui
volumetria retangular arrematada por coberta aparente em telha
canal em duas águas, com cumeeira central disposta no sentido
longitudinal do edifício. Destaque-se que com esta tipologia,
ela é a única estação paraibana que possui andar com cobertura
aparente em telha canal em duas águas, com cumeeira perpendicular.
O prolongamento da coberta suspensa por colunas garante o abrigo
dos passageiros na plataforma de embarque e desembarque. A estação
possui 216 m² de área coberta" Foi desativada em 1961, substituída pela
nova, aberta nesse mesmo dia, mas não foi demolida. Em 2022, ainda
conviviam. A figura mostra o, selo postal brasileiro de 1958 comeomorando a união das duas ferrovias na Paraíba.(Filatelica Halibunani)
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(Fontes: Jônatas Rodrigues Pereira;
Antonio Emerson Pombo de Farias; Cesar Sacco;
Carlos Alberto Martins da Matta; Jornal da Paraíba, 03/09/2006; Wikipedia;
Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R.
M. Giesbrecht) |
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A inauguração da estação velha em
1907. Autor desconhecido. Cessão Jonatas Rodrigues |
A estação velha de Campina Grande, sem data. Cessão
Cesar Sacco |
A estação velha de Campina Grande com a locomotiva
a vapor à frente, exposta, nos anos 1990. Autor desconhecido |
A estação nova nos anos 1990. Autor desconhecido,
acervo Jônatas Rodrigues |
A estação nova de Campina Grande em 2005, ao fundo.
Foto Carlos Alberto Martins da Matta |
A estação velha em 2007. Foto extraída
do site da wikipedia |
Estação de Campina Grande-nova em 12/2009. Foto
Jonatas Rodrigues |
A estação nova em 06/2017. Foto Jonatas R. Pereira |
A estação velha em 2/8/2018. Foto Silvio Rizzo |
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Atualização:
06.04.2022
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