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E. F. Central do
Brasil (1947-1975)
RFFSA (1975-1996) |
TOCANDIRA
Município de Porteirinha, MG |
Linha do Centro - km 1.287,835 (1960) |
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MG-0524 |
Altitude: 545 m |
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Inauguração: 10.09.1947 |
Uso atual: abandonada (2005) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1947 |
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HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra Mansa havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente,
entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996,
restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira
ainda existe... para trens cargueiros. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Tocandira foi inaugurada em 1947.
"Era o trem que levava até Pai Pedro, para a feira
dos domingos, a freguesia da produção de Joel - os vizinhos
da linha. A feira (de Pai Pedro) era uma festa. E o mais gostoso dela,
os biscoitos de araruta de Tocandira. Aliás, Tocandira vivia
dos biscoitos. Os homens plantavam a araruta, as mulheres suavam no
forno e as velhas e crianças vendiam aos passageiros pela janela
nas paradas de um minuto - religiosamente. E o progresso foi tanto
que um tocandirense ilustre, como José Maria Sousa, chegou
a ser o maior tomador de empréstimo no Banco do Brasil de Porteirinha.
Até 1989, Zé Maria colhia de 7 a 8 mil arrobas de algodão
por ano. 'Fui um dos primeiros daqui a ter antena parabólica
e consegui formar quatro filhos, hoje doutores em Janaúba".
O quinto vai ser mais difícil. Zé Maria vendeu dois
tratores, uma caminhonete e onze reses para pagar o Banco do Brasil
- que já desistiu de receber o resto. O fim da linha em 1996
complicou muito a vida em Tocandira. Afinal, entre o apito da chegada
e o da partida, o trem deixava pelo menos cem reais no distrito.
O próprio armazém que Zé Maria abriu recentemente,
numa tentativa de mudar de ramo e superar o baque, não vai
lá muito bem das pernas. Nas prateleiras de ripa, os vazios
são maiores do que os espaços enfeitados pela meia dúzia
de pacotes de bolacha, maços de cigarro Plaza, pacotes amarelos
de fósforo, latas de óleo de soja e umas garrafas de
dois litros de refigerante. 'Tirar o trem foi tomar pão da
boca de criança com fome', diz Zé Maria. Exatamente.
Pesquisa da Pastoral do Menor apurou que todas as crianças
de lá estão subnutridas. Todas. E formam, em rodas de
suas mães e avós, maioria da população
restante. Quase todos os homens resolveram trocar a miséria
sertaneja pelos cafezais do Sul de Minas, pelos canaviais paulistas
ou pelas favelas paulistanas. Os velhos se apressam em abandonar o
planeta - basta ver as datas nas cruzes do pequeno cemitério
do distrito - e 'menina mal espera completar 15 anos para ir embora'.
De trem, não se partia tanto" (O trem bom passa
direto, Gazeta Mercantil, 3/9/1998).
A estação, em 2005, estava completamente abandonada.
Um crime. Acabaram com os trens, com a economia já combalida
da região e com o prédio em si.
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Pátio de Tocandira, sem data. Foto José d´Araújo
Pessoa |
A estação em 08/1996, nos seus últimos
dias de Trem do Sertão. Foto do jornal O Estado de
Minas |
A estação em junho de 2004, abandonada. Foto Alberto
Fernandes de Oliveira |
A estação, por volta de 1990. Autor desconhecido/FB |
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Atualização:
22.12.2021
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