Central do
Brasil
(1950-
75)/ RFFSA (1975-90)
Bitola: larga (1,60)
Acima, pátio da estação de Pedro II, no Rio
de Janeiro, ponto de partida dos Vera Cruz.
Anos 1970 (foto sem identificação de autor).
Abaixo, a estação da Central em Belo
Horizonte, em 2001 (Foto Jorge A.
Ferreira Jr.).
Abaixo, um dos horários do Vera Cruz,
sentido Belo Horizonte, em 1962. No
r etratado abaixo, a linha passava pelo
trajeto original entre Barbacena e Carandaí,
sem passar pela variante. (Guia Levi,
setembro/1962)
Veja também:
Contato
com o autor
Indice
Nota: As informações contidas nesta
página foram coletadas em fontes diversas,
mas principalmente por entrevistas e
relatórios de pessoas que viveram a época.
Portanto é possível que existam
informações contraditórias e mesmo
errôneas, porém muitas vezes a verdade
depende da época em que foi relatada. A
ferrovia em seus 150 anos de existência
no Brasil se alterava constantemente, o
mesmo acontecendo com horários,
composições e trajetos (o autor).
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Trem de passageiros de luxo operado
pela Central
e mais tarde pela Rede Ferroviária Federal, entre
1950 e 1990, ligando a estação de Dom Pedro II,
no Rio de Janeiro e a de Belo Horizonte, com
algumas interrupções nos anos 1970 até parar
por
4 anos, entre 1976 e 1980, quando retornou por
dez anos, deixando de circular em março de 1990.
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Percurso:
Rio de Janeiro - Belo Horizonte, via linha do Centro até Joaquim
Murtinho e depois pela Linha do Paraopeba até a capital mineira.
Origem da linha:
A linha do Centro foi aberta pela E. F. Dom Pedro II (Central do Brasil,
a partir de 1890), entre 1858 e 1910, até Joaquim Murtinho; a
linha do Paraopeba foi aberta entre os anos de 1914 e 1918. Nos anos
seguintes, algumas variantes alteraram o curso da linha do Centro em
pontos diferentes; a maior delas entre Barbacena e Carandaí.
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Comentários:
O trem Vera Cruz trafegou pela primeira vez em 29 de março
de 1950. Foi ele o primeiro trem de extremo luxo a atender Belo Horizonte,
uma cidade acostumada a trens de madeira e locomotivas a vapor. Puxado
por uma locomotiva Diesel, geralmente uma "Escandalosa"
(ou V-8, para os paulistas) no trecho eletrificado entre o Rio e Barra
do Piraí, a partir desta cidade passava a ser puxado por uma
diesel-elétrica Alco RS-1.
ACIMA:
à esquerda: o mapa de localização da linha (em
vermelho, o percurso do trem). Ao centro: o
Vera Cruz puxado por uma elétrica "Escandalosa"
entre Barra do Piraí e Três
Rios, c. 1971 (Foto Guido Motta, acervo Memória do Trem).
À direita: interdição
da linha em Belo Vale (Folha da Manhã, 21/12/1948).
Depois que a RFFSA assumiu
a Central, outras locomotivas diesel também foram utilizadas
no trem. A composição típica do Vera Cruz era:
1 carro-correio, 1 carro-bagagem, 2 carros-poltrona para 76 passageiros,
1 carro-restaurante e 2 a 3 carros-dormitórios cabine dupla.
Eventualmente, mais um carro salão-cauda para 44 passageiros.
Na sua rota, além de subir a serra do Mar no Rio de Janeiro,
tinha de cruzar
a serra da Mantiqueira, depois de acompanhar por um bom trecho o rio
Paraíba do Sul, cruzando-o mais
de uma vez por viagem.
Nos anos 1960, houve pelo menos uma vez que o Vera
Cruz foi parar em Itabirito, onde termina a bitola larga da Linha
do Centro e por onde ele nunca passava. Por causa de uma interrupção
na linha do Paraopeba, a composição seguiu até
a cidade, onde foi enviado um trem da bitola mista, carros de madeira
e locomotiva diesel para buscar os passageiros surpresos, que entraram
em BH passando por General Carneiro. Na foto, vê-se claramente
a bitola mista da linha naquele ponto. O
fato foi registrado pelo passageiro Leonardo Bloomfield, na foto acima.
Como se vê também
na foto ao lado, do mesmo Bloomfield, o mesmo trem no trecho entre
Joaquim Murtinho e Lafaiete, um trecho em que o Vera Cruz somente
passava mesmo por acidente.
Era uma viagem de 640 km e cerca de 14
horas, onde parava apenas nas grandes cidades, ou então em
pontos de baldeação para ramais: Japeri, Barra do Piraí,
Juiz de Fora, Barbacena, e também em diversas estações
da linha do Paraopeba. Com o aumento dos trens carregados de minério
a partir dos anos 1970
com a abertura do ramal das Águas Claras, na Grande BH,
o Vera Cruz passou a sofrer pelos
problemas causados pelo
excesso de
Acima, na estação Pedro
II, no Rio, o "noturno mineiro" esperando a partida para
Belo Horizonte, usando alguns carros do já extinto (à
época) Cruzeiro do Sul (este, Rio-São Paulo). Foto dos
anos 1960, por Leonardo Bloomfield. Depois
de 4 anos, em 12 de dezembro de 1980 o Vera Cruz volta, na estação
de Belo Horizonte (Acervo Edson Vander Teixeira).
tráfego nas linhas
que ocasionavam interrupções de trânsito. Parou
por 11 meses entre 1974 e 1975, e no final de 1976 um acidente entre
o Vera Cruz e um trem de minério vazio fez com que o trem sumisse
das linhas pelos 4 anos seguintes. Somente no final de 1980 ele retornou,
(leia aqui reportagens sobre essa
volta) com locomotivas
diesel-elétricas (Macosa SD40-2,
U-23C, as "Cachoeirinhas" e as U-20C) por todo o percurso,
mas com a composição original, e horário semanal,
ou seja,
Acima e abaixo,
na estação de Belo Horizonte, em setembro de 1985 o
Vera Cruz (Fotos Flávio Francesconi Lage).
partia às sextas-feiras
e retornava aos domingos. A partir de 1985, os atrasos começaram
a ser constantes e a composição passou a se alterar
seguidamente. Em 15 março de 1990, trafegou o último
Vera Cruz (Fonte: José E. Buzelin, Carros Budd no Brasil-vol.
1, Memória do Trem, 2002).
ABAIXO: Folheto (frente e verso) do Trem
Vera Cruz quando de sua volta em 1980 (Acervo Flávio Cavalcanti).
À direita: queda de barreiras em janeiro
de 1949 interrompe o tráfego de trens no ramal entre os quilôemtros
616 e 620 (Folha da Manhã).
ABAIXO: Anuncio
de 1955
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