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Rede de Viação
Paraná-Santa Catarina (1946-1975)
RFFSA (1975-1996) |
LINGÜADO
Município de São Francisco do
Sul, SC |
Linha de S. Francisco - km 634 (1960) |
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SC-2466 |
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Inauguração: c.1946 |
Uso atual: demolida |
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com trilhos |
Data de abertura do prédio atual:
c.1946 (já demolido) |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha do São Francisco teve o primeiro trecho entregue pela
E. F. São Paulo-Rio Grande em 1906, ligando o porto de São
Francisco (hoje do Sul) a Joinville. Em 1910, a linha foi prolongada
até Hansa (Corupá), em 1913 até Tres Barras,
e finalmente em 1917 atinge Porto União da Vitória,
de onde deveria continuar até atingir Foa do Iguaçu,
Este último trecho jamais foi construído. A linha se
entronca com o Tronco Sul em Mafra e com a antiga Itararé-Uruguai
em Porto União da Vitória. O último trem de passageiros,
na verdade uma litorina diária, passou pelo trecho entre Corupá
e São Francisco do Sul em janeiro de 1991. O trem misto que
servia à linha já não existia desde 1985. Depois
disso, apenas alguns trens a vapor turísticos da ABPF têm
percorrido a linha, principalmente na região de Rio Negrinho.
O trecho entre Mafra e Porto União esteve durante anos abandonado,
tendo sido recuperado durante o ano de 2004, mas continua com o tráfego
muito escasso. Já o trecho entre Mafra e São Francisco
tem grande movimento de cargueiros da concessionária ALL. |
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HISTÓRICO DA ESTAÇÃO:
Entre a ilha de São Francisco do Sul e o continente,
no canal do Linguado, existe uma pequena ilha, chamada ilha
de João Dias. Nesta ilha (também eventualmente
chamada de Ilha do Linguado), entre 1945 e 1948 (de acordo
com os "Guias Levi" da época), foi construída
uma pequena estação chamada de Linguado, a cerca
de 100 metros da cabeceira da ponte construída entre a pequena
ilha e o continente. Curiosamente, o mapa do IBGE, de 1957, que aparece
nesta página, mostra a estação no continente
e conseqüentemente no município de Araquari. Na
verdade, ela está na ilha, e no município de São
Francisco do Sul. Os canais entre a pequena ilha e a ilha de São
Francisco e o entre o continente e a ilha têm ambos cerca
de 400 metros de largura, mas o primeiro é mais raso; por isso
foi aterrado para se fazer a linha, ao contrário do segundo,
em que se erigiu uma ponte, em 1906, quando se começou a construir
a linha. Esta ponte era originalmente uma provisória, substituída
logo depois por uma definitiva (a da foto), que tinha 120 m de extensão
(o resto era aterro) e três vãos de 40 m cada, sendo
o do centro giratório, que dava passagem às embarcações
de pequena cabotagem que navegavam naquele canal de boa profundidade.
A movimentação do vão central era feita através
de força vapor, de uma caldeira. Pode-se ver, na foto que aparece
nesta página em que é mostrada a ponte, que, atrás
da composição, portanto, na ilha, pode-se ver uma edificação.
Esta seria a "estação de vapor" que
geraria a energia para fazer o giro da ponte. Ela tinha uma plataforma
com cobertura para, provavelmente, embarque e desembarque de funcionários.
Esta era a antecessora da estação ferroviária
de Linguado, somente aberta em meados dos anos 40. Há
de se ressaltar, entretanto, que a RVPSC cita em um de seus relatórios
a inauguração dessa estação desde 1936,
embora em sua relação oficial de estações,
publicada em 1942, essa estação não apareça...
O mapa mostra duas pontes, mas, na verdade, na época em que
ele foi desenhado, já eram dois aterros. Hoje, somente existem
ali os restos da estação, já demolida. Mais precisamente,
apenas o piso em pedra da plataforma da antiga estação,
localizada na pequena baía da Babitonga, na ilha. A
ponte que deveria ser definitiva acabou sendo desmontada nos anos
30, quando se construiu um aterro no local, conforme descrição
enviada por Nivaldo Klein, de Joinville, SC): "A
evolução dos meios de transporte e o desenvolvimento
do porto estavam também a reclamar uma ligação
entre a Ilha de São Francisco e as cidades vizinhas. Como a
ponte rotativa do Canal do Linguado apresentava sérios problemas
em sua estrutura, os diretores da estrada de Ferro São Paulo-Rio
Grande, após vários estudos de viabilidade, decidiram
mandar aterrar o canal. A obra foi dirigida, após demorados
estudos de viabilidade técnica e pareceres do Ministérios
da Viação e Obras Públicas e Marinha, sob a supervisão
dos engenheiros Arlindo de Barros e Bernardo Schmidlin. O aterramento
teve início em abril de 1934 e ficou pronta em 21 de outubro
de 1935, sendo festivamente inaugurada. Conforme o historiador Dauro
Stazak, a obra foi feita por cerca de 400 homens, propiciando trabalho
e pão a um elevado número de famílias durante
os 18 meses de sua duração, além dos empregados
na construção da rodovia São Francisco - Joinville,
que teve início juntamente com os serviços de aterro
do canal. A desmontagem da ponte foi iniciada logo que o primeiro
vão ficou pronto, no dia 25 de agosto de 1935, e os dois restantes
foram retirados nos dias 1º e 27 de setembro daquele ano, quando
os trens começaram a transitar sobre o aterro. Foram empregados
Acima, a ponte do Linguado original, ou seja, a
aque foi substituída em 1935 pela atual. Notar o trem de passageiros
sobre ela (Acervo Nilson Rodrigues).
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TRENS
- De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros
pararam nesta estação de 1946 a 1991. Ao lado,
litorina que andou no trecho Mafra-São Francisco do Sul.
Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens.
Veja aqui horários
em 1948 (Guias Levi). |
na construção do aterro 58.895 metros cúbicos
de pedras britadas, extraídas do Morro do Linguado através
da força muscular de centenas de trabalhadores e dos 6.005
quilos de dinamite, explodida por meio de poderosos compressores de
ar que foram acionados durante 5.051 horas, sobre 128.947 brocas estampadas,
em cuja explosão e nos diversos serviços de acionamento
de aparelhos foram utilizados 375.455 KW de energia elétrica".
Há afirmações de que Hugo Giesbrecht (meu
avô) teria sido o autor do projeto da ponte de 1935; entretanto,
nunca consegui confirmar esta hipótese, posto que Hugo,
engenheiro civil, deixou a RVPSC depois de mais de dez anos de empresa,
no início de 1934. O aterro, alargado por volta da década
de 1980, suporta hoje a linha férrea e uma pista asfáltica.
"O que restou da antiga estação foi somente
a plataforma mesmo. Hoje no local bem rente a plataforma passa uma
cerca demarcando o terreno de um possível pescador, pois ao
lado e um pouco aos fundos da plataforma existe um casebre, que se
encontrava fechado quando lá estive. O terreno ao redor encontra-se
roçado e bem limpo enquanto na plataforma o mato cresce"
(J. C. Kuester, 01/2005). (Fontes: Nivaldo Klein, 2002,
, 2004, e J. C. Kuester, 2005)
(Fontes: Nivaldo Klein; Ingeborg Klein de Araújo;
J. C. Kuester; Nilson Rodrigues; RVPSC: Relatórios anuais ,
1918-55; RVPSC: Horário de Trens de Passageiros e Cargas, 1936;
IBGE, 1960) |
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Atualização:
14.10.2010
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