A ESTAÇÃO: "Nos últimos anos do século
19, Cortez já possuía sua feira semanal, mas dois
grandes acontecimentos concorreriam definitivamente para a sua sobrevivência
e prosperidade: o primeiro foi a organização da Companhia
da Estrada de Ferro de Ribeirão a Bonito, cuja construção
interrompida deixava em Cortez o seu ponto terminal. Com 29 quilômetros
de estrada, o ramal foi posteriormente, em 1904, anexado à
Great Western; o segundo foi a fundação, a 7 km de
Cortez, da Usina Pedrosa, pelos descendentes do Barão do
Bonito, aproveitando o estímulo do Barão de Lucena,
que governava o Estado. A usina foi inaugurada em 1892 e trouxe
melhores condições econômicas para a região"
(Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE,
volume XVIII, 1958).
Segundo José de Anchieta Ferreira, a data da construção
da estação é 10 de agosto de 1889, e sua inauguração
se deu no dia 04 de janeiro de 1890.
Quando a GWB a incorporou,
estava provavelmente com problemas, pois, acima, vê-se
que ela teria de investir no seu leito para recuperá-la.
A data de inauguração citada mais abaixo (1 de julho de
1907) é apenas a data de incorporação da estação
e da ferrovia à GWB (segundo uma das fontes).
Em 1907 (vejam que outra fonte dá outra data), a Great Western
do Brasil incorporou a Estrada de Ferro de Ribeirão a
Bonito, com o compromisso de reconstruir parte da ferrovia,
que já tinha tráfego, e a apresentar os estudos ao
Governo para o prolongamento de Cortez até a cidade
de Bonito. Desde quando operava esta ferrovia? As pouquíssimas
informações me levam a supor década de 1890.
Outras referências
a esta antiga ferrovia dão-lhe o nome de E. F. de Ribeirão a Pesqueira, tendo como principal acionista
o Barão de Serinhaem. Pode ter sido esta o objetivo inicial
da ferrovia: afinal, Pesqueira está numa linha quase
reta entre as cidades de Ribeirão, de onde saía
o ramal, Cortez, Bonito e ela. O ramal jamais passou
de Cortez.
A usina foi centro de conspiração
no período pré-revolução de 1930. Carlos
Cavalcanti, mais tarde Governador do Estado, era na época
gerente da Usina e refugiou ali diversos revolucionários,
entre os quais João Alberto, que chegou a construir
(quando? nessa época?) alguns quilômetros de estrada
de ferro da usina, usando nome falso (João Dias).
"Em 1929, a usina possuía um grande
número de propriedades agrícolas, com capacidade de produção de
70.000 toneladas de cana. Tinha uma via férrea de 34 quilômetros,
cinco locomotivas e 110 carros e vagões. Possuía capacidade para
processar 500 toneladas de cana e fabricar 4.000 litros de álcool
em 22 horas. Na época da moagem trabalhavam na fábrica cerca de
200 operários (...) Em 1965, a usina foi vendida (...) Os novos
donos acabaram com as estradas de ferro e locomotivas, transformadas
em ferro-velho, compraram tratores e caminhões e iniciaram a construção
de estradas de rodagem" (www.fundaj.gov.br/notitia).
A cidade tornou-se município somente em
1953.
Sinais dos trens da RFN e da Usina ainda eram marcantes nos anos
1950, como afirma a enciclopédia do IBGE de 1958, onde apitos
de locomotivas se misturavam às sirenes e à banda
nas festas comemorativas da cidade; uma das cascatas do município
era chamada de Quilômetro 25 por estar ao lado da linha
provavelmente nesse ponto - lembremo-nos que o ramal tinha apenas
29 quilômetros.
Não sei da situação da estação,
desativada em 1969.
"O trem de carga (cana) parou no dia
19 de março de 1970. No ano de 1973, os trilhos foram arrancados. O município comprou o prédio da Rede ferroviária Federal no dia
06 de junho de 1974, bem como a antiga caixa dágua qua abastecia
a locomotiva, localizada a cerca de 300 metros da estação"
(José de Anchieta Ferreira, 2008).
A usina Pedrosa
ainda funciona.
Segundo
relata André
Luís,
do blog http://memoriaferroviariadepe.
blogspot. com.br, em
6/3/2013: "Cortês,
estação terminal da linha. Esta, preservada pela prefeitura local,
mantém seus traços originais e está em bom estado de conservação.
Localizado na área central da cidade, este velho prédio guarda a
memória do trem que fazia a ligação entre Ribeirão e Cortês".
ACIMA: A linha do ramal dentro do município
de Cortez, anos 1950. Curiosamente, não há nenhuma
menção à localização da Usina
Pedrosa, na época a principal atividade econômica da
cidade, nem às suas linhas férreas, que ainda existiam
(Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, volume
XVIII, 1958).
ACIMA: As duas linhas, na rua Celso Borba, nos
anos 1950, pertencem ao pátio da estação de
Cortez. Com isso, mostra-se que a ferrovia passava nas ruas da cidade.
Foto Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
IBGE, volume XVIII, 1958.
ACIMA: Em 1966, a discussão sobre acabar ou não com os trens de passageiros para Cortez (Diario de Pernambuco, 16/7/1966).
(Fontes: José de Anchieta Ferreira; André
Luís; http://memoriaferroviariadepe. blogspot.com.br; www.museudouna.com.br;
www.cprh.pe.gov.br/downloads; www.fundaj. gov.br/notitia; www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev1707;
IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volumes
IV e XVIII, 1958; Estevão Pinto, História de uma estrada
de ferro no Nordeste, 1949; Guia Geral das Estradas de Ferro do
Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M Giesbrecht)
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