Fazenda Cresciuma (Jardinópolis, SP) |
Fazenda Cresciuma
João Evangelista Guimarães era um mineiro de Oratória, Minas, que, depois de passar por Resende, no Estado do Rio, estabeleceu-se na fazenda Córrego das Pedras, na região de Ribeirão Preto, isto por volta de 1880. Em seguida, foi para o povoado de Ilha Grande, atual Jardinópolis, onde comprou uma gleba de 1500 alqueires e ali abriu a fazenda, chamada de Cresciúma. Como ela não tinha ainda a ferrovia passando por ela, e a linha mais próxima era a da linha do Rio Grande, João abriu uma estrada, que era uma grande reta com pouquíssimas curvas, ligando a fazenda à estação de Sarandy, atual Jurucê. Esta estrada ainda existe em quase toda a sua extensão, sendo ela a rodovia que liga a sede de Jardinópolis ao distrito de Jurucê. Por ali passava a sua produção de café. Quando a Mogiana abriu o ramal de Igarapava e chegou a Jardinópolis em 1899, João doou as terras para a linha e para a estação. Segundo o bisneto de João, Plínio Caio, existe uma história de que a estação e também a fazenda se chamaram Cresciúma por ser esse o nome do engenheiro da Mogiana que construiu o ramal naquela região. Isto significa, entretanto, que a fazenda, que já existia, teria tido um outro nome. A estação de Cresciúma foi finalmente inaugurada em 1900, no mesmo dia em que foi aberto o novo trecho do ramal que seguiria até Salles Oliveira. A Mogiana também construiu para João um desvio que ligava a estação à máquina de café. Era um desvio não muito longo, pois a sede da fazenda ficava muito próxima à estação, mas cabia uma composição nele: em 1924, durante a revolução, as tropas legalistas ali estacionaram, para deixar a linha desimpedida, enquanto o pessoal da fazenda levava queijo e leite para os soldados. A estação, de qualquer forma, não recebia café somente da fazenda Cresciúma, mas também de várias outras da região. Com o aumento de movimento, a estação foi ampliada em 1909. Em 1929, a fazenda foi vendida, pelos descendentes de João Evangelista, à família Pereira Lima, que, após a morte do proprietário, foi retaliada em quatro ou cinco fazendas menores. A estação acabou ficando até hoje na Santa Mônica, uma das novas fazendas criadas com a divisão, juntamente com a casa da sede original. Esta fica a poucos metros do prédio hoje abandonado da antiga estação ferroviária de Cresciúma. Embora ainda exista uma fazenda Cresciúma, esta não conservou a casa da sede. Apesar de se encontrar na área rural, a estação permaneceu ativa até sua desativação, no mesmo dia em que correu o último trem, em 09/05/1979, com a extinção do ramal. Nessa época, o café já não era plantado ali, substituído que foi pelo milho e principalmente pela cana. Ralph Mennucci Giesbrecht - abril de 2002 *A fazenda Santa
Mônica, que hoje abriga a casa da fazenda Cresciuma original,
bem como as outras fazendas que resultaram de seu desmembramento,
ficam a nordeste da área urbana de Jardinópolis, com
acesso somente por estradas de terra que, em alguns pedaços,
acompanham o leito da linha do antigo ramal de Igarapava. O prédio
da velha estação ainda existe, abandonado. Fontes: Plínio
Caio Guimarães Gandra; Vicente Alves Pereira, ambos de Jardinópolis;
jornal Diário da Manhã, de Ribeirão Preto; relatórios
da Cia. Mogiana; o próprio autor. |
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