E. F. Fábrica de
Cimento Mauá (Municípios de São Gonçalo e de Itaboraí, RJ) |
As
ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as
como sendo ferrovias que não eram de uso público,
sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas
e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil.
Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio
se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande
maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso,
o que se vê é um estudo com dados mínimos e
colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph
M. Giesbrecht). Proprietários identificados:
Fábrica de Cimento Mauá
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A
característica principal do distrito de Cabuçu, em Itaboraí,
RJ, é a Bacia Calcária de São José, descoberta pelo Engenheiro Carlos
Auler em 1928. Essa reserva, na época, teve como consequência
a instalação da fábrica de cimento Mauá, em Guaxindiba, São Gonçalo,
em 1932. Em 1983, a fábrica da Cia de Cimento Mauá deixou de
explorar a pedreira devido ao esgotamento das suas reservas de calcário.
Desde então, as águas das nascentes, anteriormente dragadas pela Companhia,
ficaram represadas e formou-se ali a atual Lagoa de São José. Não há grandes informações sobre a ferrovia da fábrica. Algumas dão conta que ela teria sido desativada nos anos 1990. Porém, se a pedreira foi fechada em 1983 (ver acima), a maior probabilidade é que neste ano a ferrovia tenha parado. A ferrovia estava (está) situada a leste do município de São Gonçalo em zona de baixa densidade populacional (pelo menos até o final dos anos 1980). Utilizou-se de locomotivas a vapor e diesel. Não se tem idéia de quando a ferrovia foi instalada. O fato de ter utilizado locomotivas a vapor leva a crer que deve ter iniciado as operações no máximo nos anos 1940. Se a fábrica foi instalada em 1932, é possível que tenha sido nos anos 1930. O mapa do IBGE (baixo) indica uma ferrovia de bitola métrica, realmente. ACIMA: Locomotiva da Cimentos Mauá no ramal, na mina de calcário em Itaboraí, anos 1940 (Fotografia publicada na Revista Brasileira de Geografia, out-dez 1944, p. 460. Autor: Francis Ruelan). Existe ainda hoje uma locomotiva a vapor que foi da Ferrovia Cimentos Mauá e que hoje pertence à ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), para ser restaurada em uma oficina na cidade de Paraíba do Sul, RJ. Trata-se de uma North British de fabricação relativamente recente (1946), 0-6-0T, que também havia sido utilizada pela E. F. Leopoldina. A bitola é métrica, o que confirma o mapa do IBGE em relação à bitola. Segundo Nicholas Burman, a Cimentos Mauá de São Gonçalo era uma subsidiária da firma americana Lone Star Cement Company, e todo o material rodante novo foi comprado e pedido em nome desta. No total a empresa teve 7 locomotivas a vapor e 4 diesels; da foto da diesel, uma GE de 47 ton que foi entregue em 1952, ela deve ter sido tirada pouco depois da entrega, pois a locomotiva está impecável... além disso está pintada de uma cor escura (verde?); quando essa ferrovia fechou, as locomotivas estavam pintadas de amarelo e totalmente incrustadas de pó de cimento e calcário. Sei disso, pois eu me lembro de ter visto fotos que estavam na coleção da ABPF-SP. A locomotiva n° 7 passou da Mauá para a COSIGUA (Companhia Siderúrgica Guanabara em Barão de Cocais, MG) onde ficou fazendo manobras durante muitos anos; depois ela aparentemente foi para a Cimento Montes Claros por um curto período antes de acabar nas mãos de uma firma de aluguel de máquinas pesadas chamada TerraGama, pela qual hoje, acredito, faz a manobra do porto da Ultrafértil em Piaçagüera. Das locomotivas a vapor, duas escaparam do maçarico: a n° 2 (uma 0-4-0ST Alco 68621 de 1932) está em Cruzeiro onde é posta para rodar vez por outra. A segunda é a ex-103 da Leopoldina, uma 0-6-0T North British (n° 25914 de 1944) que trafegou na serra de Friburgo. Ela ficou um tempão em Carlos Gomes e hoje ela se encontra tão largada quanto em Paraíba do Sul, RJ. Além de trazer calcário da pedreira as máquinas também iam buscar e deixar vagões no cruzamento com a linha Niterói-Itaboraí da Leopoldina, pois havia uma ligação entre as duas ferrovias. Aliás, o nome original da empresa era Companhia Nacional de Cimento Portland - se você reparar na foto da diesel, verá que está escrito "CNCP" na lateral da cabine. |
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