A ESTAÇÃO: A estação de Lima
Duarte foi aberta em 1926, nove meses antes da inauguração
da "parada Lima Duarte".
"A Parada Deocleciano de Vasconcellos servia ao centro da
cidade. Porém, como o terreno ali não oferecia condições para a
instalação de um pátio ferroviário amplo, este foi construído 2.600
metros adiante, onde se erigiu a estação dita de Lima Duarte, no
Bairro Barreira, inaugurada 4 anos mais tarde (*), em 1930,
sem a presença do Governador Benedito Valadares, em terreno pertencente
ao Senhor Nominato de Paiva Duque, então Intendente Municipal. Esse
fato gerava confusão, já que era muito comum passageiros passarem
direto e descerem na Barreira, julgando ter enfim chegado a Lima
Duarte, quando na verdade teriam que retornar dois quilômetros e
meio para chegar ao centro. Valadares não compareceu, como
afirma o filho do intendente da época, Hélio de Paula Duque"
(Marco Antonio da Silva, 11/11/2009).
"O edifício da estação de Lima Duarte é eclético, como grande
parte das estações ferroviárias brasileiras. São características
desse estilo: a proporção, a simetria, platibanda, janelas altas
e amplas, o uso de tons pastéis (geralmente de 3 a 5 cores, os tons
mais escuros na parede, nos ornamentos um tom mais claro e um terceiro
nas esquadrias). Através da foto enviada pela Vicentina, do acervo
do Afrânio de Paula, que infelizmente não sabemos a data é percebido
esse uso do tom mais escuro na parede e mais claro nos ornamentos,
já hoje percebemos o contrário: ornamentos escuros e parede clara.
Apesar da foto antiga não pegar toda a extensão do edifício, pude
perceber que atualmente existe uma janela que muito provavelmente
não existia antigamente. A característica simétrica do ecletismo
corrobora essa ideia de que essa janela foi feita posteriormente"
(Ana Luisa Delgado, julho de 2016).
Em 1945, foi iniciada a construção do prolongamento do ramal, de Lima Duarte à estação de Bom Jardim, local onde passava a linha da Barra (Soledade de Minas-Barra do Piraí), da Rede Mineira de Viação (de acordo com a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXV, p. 465). O prolongamento jamais foi concluído (veja caixa abaixo, dos anos 1940).
A estação foi ponta do ramal até sua desativação
em 1968 (veja notas e caixa mais abaixo), embora o projeto inicial tivesse sido o de levar o ramal
até Bom Jardim de Minas, na Rede Mineira de Viação.
Tal nunca aconteceu, embora o leito tenha sido preparado em muito
do percurso - com cortes e até viadutos de concreto.
Uma DD (ordem) da RFFSA datada de 21/4/1965 determinava a supressão do ramal Benfica-Lima Duarte, mas o ramal voltou a operar.
De acordo com outra ordem da Central, o trem parou em 10 de agosto de 1968 (ver nota no caixa, abaixo).
(*) Nota do autor do site: nos Guias Levi, os horarios dos trens de passageiros no ramal aparecem circulando até pelo menos janeiro de 1970 o Guia era mensal e não tenho todas as suas edições. Não era tão incomum, infelizmente, ele ter informações errôneas. É considerado certo, então, que os trens pararam em 1968.
A estação servia em 2016 como pavilhão para exposições.
(*) Outra nota do autor do site: Pode ser
que a estação de Lima Duarte tenha sido realmente
inaugurada em 1930, mas em 1928 já existia pelo menos
o caminho do trem até lá e uma parada; Max Vasconcellos
percorreu-o, e cita a data de 1926 como sendo a da inauguração.
Já a parada D. Vasconcellos tem a data oficial de inauguração
como sendo nove meses após a estação terminal,
em dezembro de 1926.
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1925
AO LADO: Início das
obras para a estação (O Estado de S. Paulo,
17/5/1925).
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1925
AO LADO: Entrega da ponte
sobre o rio do Peixe (O Estado de S. Paulo, 8/7/1925).
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1925
AO LADO: Foi mesmo inaugurada nesta
data? Há muita confusão de datas de abertura
deste ramal. A estação de Lima Duarte teria
sido inaugurada somente em 1926, bem como a de Diocleciano
Vasconcellos (O Estado de S. Paulo, 13/11/1925).
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1925
AO LADO: Foi mesmo inaugurada nesta
data? Há muita confusão de datas de abertura
deste ramal. A estação de Lima Duarte teria
sido inaugurada somente em 1926, bem como a de Diocleciano
Vasconcellos (O Estado de S. Paulo, 15/12/1925).
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1927
AO LADO: Os estudos para
o prolongamento do ramal até Bom Jardim, na linha da
barra da RMV, já estavam prontos em 1927, mas nunca
foi feito (O Estado de S. Paulo, 26/11/1927).
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ACIMA: Mapa da região de Lima Duarte, vendo-se o triângulo
de reversão, no fim da linha (esquerda), a estação
da cidade (assinalada com a seta à esquerda) e a parada Deocleciano,
assinalada com outra seta (à direita) (1939 - Autor
desconhecido).
ACIMA: Mapa do prolongamento de Lima Duarte a Bom Jardim, publicado na segunda metade dos anos 1940 na revista Brasil Constrói. Uma das linhas marca o trajeto da ferrovia a ser construída e outra, a da diferença de altitude entre os pontos extremos do ramal.
ACIMA: Foto da cidade de Lima Duarte nos anos 1950. Nota-se a linha férrea fazendo uma curva a centro-esquerda
da tomada, não muito longe da igreja (Foto Tibor Jablonski).
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1968
AO LADO: Fim dos trens no ramal (A Tribuna de Lima Duarte, 4/8/1968). |
ACIMA: Vista da cidade tomada de outra posição
em 2011. O antigo pátio está em primeiro plano,
como Parque de Exposições. Dá para se ver o prédio da estação, a
casa do mestre de linha e a casa do chefe da estação (Foto Ronisch
Baumgratz; cessão Marco Antonio da Silva).
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TRENS
- De acordo com os guias de horários e outras fontes,
os trens de passageiros pararam nesta estação
de 1926 a 1970. Ao lado, um destes trens em Lima Duarte, em
1952. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre a foto.Veja
aqui horários
em 1964 (Guias Levi). |
(Fontes: Jorge A. Ferreira; Ana Luisa Delgado;
Afranio de Paula; Marco Antonio da Silva; Ronisch Baumgratz; Tibor
Jablonski; Cláudio Fabiano Kloss; O Estado de S. Paulo, 1925
e 1927; Folha da Manhã, 1930; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras
de Comunicação, 1928; Guia Geral das Estradas de Ferro
do Brasil, 1960) |