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E. F. Central do
Brasil (1908-1975)
RFFSA (1975-1996) |
BELTRÃO
Município de Corinto, MG |
Ramal de Pirapora - km 894,289 (1928) |
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MG-3539 |
Altitude: 510 m |
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Inauguração: 27.02.1908 |
Uso atual: demolida |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1908 (já demolido) |
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HISTORICO DA LINHA: O ramal de
Pirapora, que saía da estação de Corinto, chegou
em 1910 a Pirapora, às margens do rio São Francisco,
mas para curzar o rio através de uma ponte ferroviária,
levou 12 anos, quando foi inaugurada a estação de Independência
(Buritizeiro) na margem oposta. Nessa época, o trecho fazia
parte da Linha do Centro da Central do Brasil. Nos anos 1930, entretanto,
com a maior afluência de tráfego na linha para Monte
Azul, esta passou a ser parte do tronco e o trecho Corinto-Pirapora
passou a ser apenas um ramal. Na mesma época, Buritizeiro foi
desativada, junto com a ponte sobre o São Francisco. O ramal
nunca passou dali, ao contrário dos planos de 1922, que pretendiam
chegar a Belem do Pará. No final dos anos 1970, o tráfego
de passageiros foi desativado no trecho. A linha permanece ativa até
hoje (2003), pelo menos oficialmente. Ainda há trilhos sobre
a ponte do São Francisco... |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Beltrão foi inaugurada em 1908.
Logo no início tornou-se também um porto fluvial, às
margens do rio das Velhas. O povoado tornou-se um distrito do município
de Corinto somente 84 anos mais tarde, em 1992.
A estação foi demolida depois de sua desativação,
nos anos 1970, com o fim dos trens de passageiros, ou em 1991, como
informado abaixo.
"Da estação, só sobraram o resto da plataforma
e os pilares da caixa d'água. Na caixa d'água, segundo informações
de alguns moradores, havia duas linhas que passavam por de baixo da
caixa d'água, onde abasteciam
as locomotivas a vapor na época. Segundo eles também, a estação foi
demolida em janeiro de 2006, pelo dono do lote. Lá hoje só existe
uma antiga linha do ramal, uma casa em ruínas e do pátio: desmancharam
tudo. Existe uma bela ponte com dois arcos, a uns 3 km da antiga
estação. A estação teria parado de operar em 1991"
(Jonathan Sobral, 08/2006).
"Uma das coisas mais interessantes numa "incursão
ferroviária" é "sentir" o lugar onde se chega. Beltrão é mais um destes
lugares que você não sabe porque existe, uma rua sem calçamento, umas
vielas, poeira, uma igrejinha, meia dúzia de casas miseráveis, povo
semi analfabeto, pobrezas material e moral. A atividade econômica
limita-se a uns botecos, todos sórdidos, em número incompatível com
a população ou seja, boteco demais para povo de menos. O que dizer,
então, do acervo ferroviário que, muitas décadas atrás, a Central
levou para lá, tanto na construção como na operação do ramal de Pirapora?
A estação foi demolida, tudo indica que como resultado do roubo incontido
do riquíssimo material com o qual foi edificada. A caixa d'água desapareceu,
sucata de ferro vale quase nada, mas grana é grana, principalmente
para quem não a tem. A casa do agente, de longe a melhor e mais bem
acabada construção da vila, está abandonada e "adornada" com espinheiros
à sua frente. Ao redor, o abandono, a indolência, a indiferença. Difícil
acreditar que a reconstrução da linha pela FCA, reativando o ramal,
traga algum alento. No máximo o frenesi de algumas semanas, enquanto
os operários da empreiteira trabalham, depois novamente o silêncio,
quebrado de vez em quando pela buzina das locomotivas" (Gutierrez
L. Coelho, 05/2008).
Em 2009, o ramal foi reativado para cargas pela FCA, depois de abandonado
desde a época da RFFSA.
"Entre as poucas fontes históricas deste lugar onde cresci e vivo
até hoje, encontrei essa péssima descrição sobre a terra que tanto
amo, somos um povo simples sim, mas também somos acolhedores, e embora
tenha uma imagem horrível daqui não acho certo denegrir o nome de
um lugar, onde tantas pessoas são felizes. Temos aqui um povo humilde
e trabalhador, inclusive idosos como meu avô que doou grande parte
de sua vida trabalhando na ferrovia e que hoje vive uma velhice destruída
pelo duro trabalho com o qual se doou a vida toda para criar seus
filhos. Aqui temos o encontro de dois rios, o Rio das Velhas e Rio
Bicudo, temos uma linda cachoeira e vários córregos, temos escola,
crianças, adultos, jovens e idosos que amam este lugar tanto quanto
eu, e não acho justo falar tão mal de meu povo e minha terra, sei
que devo respeitar a opinião alheia, mas também sei que a forma como
se referiram à minha terra amada é um grande desrespeito. Sei
que aqui tem vários problemas, longe de ser um lugar perfeito" (Flávia
Soares, 28/8/2016).
Em 8 de abril de
1909, o jornal O Estado de S. Paulo publicava que "após
dezoito annos de interrupção da navegação
a vapor no rio das Velhas, começa hoje a navegar entre
os portos da Senhora da Glória, Santo Hippolito e Brejo,
até a estação Beltrão ou Bocca da
Matta, à margem da Estrada de Ferro Central, o primeiro
rebocador a avapor da 'Empresa Industrial do Rio das Velhas',
que alli explora madeiras" |
1909
AO LADO:
Por este texto, parece que o local também era chamado
na época de Bocca do Mato. Já a estação
foi criada com o nome atual. (O Estado de S. Paulo, "Há
Um Século", 8/4/2009).
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ACIMA: Casa do agente da estação, único
imóvel ferroviário que sobra em Beltrão em maio de 2008 (Foto Gutierrez Lhamas Coelho).
(Fontes: José Gonçalves Coelho Neto; Flavia Soares;
Jonathan Sobral; Gutierrez L. Coelho; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras
de Comunicação, 1928; Guia Geral das Estradas de Ferro
do Brasil, 1960; IBGE, site http://biblioteca.ibge.gov.br, entrada
em 8/4/2009) |
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Plataforma da estação, em 07/2006. Ao fundo o
vilarejo. Foto José Gonçalves Coelho Neto |
Antigo piso da estação em 07/2006. Foto José Gonçalves
Coelho Neto |
Pilares da caixa d'água da estação em 07/2006.
Foto José Gonçalves Coelho Neto |
À esquerda, a plataforma da estação em
07/2006. Foto José Gonçalves Coelho Neto |
Plataforma de Beltrão em 24/05/2008. Foto Gutierrez L.
Coelho |
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Atualização:
26.06.2022
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